21.10.09

IceMan #2

(originalmente postado em minhas notas do FB em 24 de agosto de 2009)

Às vezes, pecamos pela omissão. Em outras ocasiões, pecamos pelo silêncio. O último fim de semana revelou que todas as vezes que nos portamos indiferentes a assuntos que podem fazer nossa vida virar de cabeça para baixo, o desfecho de uma história tem contornos surpreendentes. Primeiro, por tal indiferença ser nada mais do que uma máscara, ou melhor, um fino véu que neblina nossa visão da percepção do óbvio. Uma cegueira chapa branca, na qual se enxerga, mas não se percebe o visto. Em segundo plano, essa pretensa indiferença também nos priva de qualquer expectativa: o que vier é lucro, podem pensar uns; ou pode levá-lo à bancarrota.

Essa falsa insensibilidade cria um hiato entre a ação e a reação que temos diante de um fato novo. Vemos, mas esfregamos os olhos para verificar se é real. Cremos, mas não pagamos para ver. Será que somente aquela mirada de rabo de olho é suficiente para captar toda a atmosfera de um ambiente, de um cenário? Ou será capaz somente aquele olhar contemplativo, de quem fita o horizonte cuidadosamente? Ou, quem sabe, a firmeza dos olhos-nos-olhos-quero-ver-o-que-você-faz? As oportunidades passam e são vistas, porém não são aproveitadas. Mero descaso? Ou medo do que elas podem trazer à tona? O temor do passo a frente, eis a questão.

Permaneci durante muito tempo indiferente às coisas que me cercam. Quando a vida anda bem, nos desligamos de certos aspectos da mesma. O mundo se acabando e você achando que é tudo normal, que é da ordem natural das coisas. Sabe aquele "foda-se" consentido no peito? Como quem dá de ombros? Pois é... Entrei nessa onda e, quando percebi, veio o caixote. Demorei muito a pular de cabeça em determinadas situações. Me rendi à apatia, à negligência. Preferi o véu da indiferença. Preferi camuflar sentimentos, desejos e anseios.

Aprendi mais essa lição, que parece simples, mas não é. É sempre complicado enxergar nossos próprios pontos falhos, onde sabemos que estamos vacilando e não movemos uma palha a respeito. Decidi mover. Não só uma palha, mas o espantalho todo. É hora de fazer valer a pena. É minuto de deixar de se tolher. É segundo para dar não só a mão, mas o corpo inteiro. É momento mutante. À ruína o rei sentado no topo de seu mundinho próprio!

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