10.11.09

Kryptonita



Enquanto ia pegar minha bebida, a "dancing queen" evoluía de forma graciosa pela pista ao som do Jacko. Seus movimentos eram marcados pelas luzes estroboscópicas, o que dava a sensação de que fazia poses fotográficas. Entreguei meu tíquete ao barman e fiquei observando-a: ela tinha uma aura jovial. E tinha também um quê daquelas mulheres destemidas. Tinha luz e vontade próprias. Por isso, usei o adjetivo "destemida". Aliás, bons adjetivos não faltavam a ela, escondida naquele metro e meio de gente, de corpo esguio e esplêndido. O barman já tinha posto a bebida no balcão há séculos e lá estava eu ainda, contemplando-a...

Quando volto, sou surpreendido com um afago que não esperava receber: jogou suas mãos sobre meus ombros e não emitiu um pio. Ficamos alguns minutos de narizes colados, com nossos olhares fixos nos respectivos olhos. Parecia que estávamos trocando energia ou sei-lá-o-quê... Para um aficionado por retinas que sou, aquelas duas pérolas esmeraldinas pareciam me convidar para conhecer seu mundo, o que, por alguns instantes, me fez achar, realisticamente, que estava em outro local, ou melhor, num outro mundo mesmo... Em um show de clichês: o som sumiu; as vozes calaram-se; a paisagem mudou; já não sabia onde estava e nem o porquê... A bebida derramou-se, nos beijamos, demos as mãos e partimos...

Já estou com um bilhete só de ida para ver esse admirável novo mundo...