10.11.09

Kryptonita



Enquanto ia pegar minha bebida, a "dancing queen" evoluía de forma graciosa pela pista ao som do Jacko. Seus movimentos eram marcados pelas luzes estroboscópicas, o que dava a sensação de que fazia poses fotográficas. Entreguei meu tíquete ao barman e fiquei observando-a: ela tinha uma aura jovial. E tinha também um quê daquelas mulheres destemidas. Tinha luz e vontade próprias. Por isso, usei o adjetivo "destemida". Aliás, bons adjetivos não faltavam a ela, escondida naquele metro e meio de gente, de corpo esguio e esplêndido. O barman já tinha posto a bebida no balcão há séculos e lá estava eu ainda, contemplando-a...

Quando volto, sou surpreendido com um afago que não esperava receber: jogou suas mãos sobre meus ombros e não emitiu um pio. Ficamos alguns minutos de narizes colados, com nossos olhares fixos nos respectivos olhos. Parecia que estávamos trocando energia ou sei-lá-o-quê... Para um aficionado por retinas que sou, aquelas duas pérolas esmeraldinas pareciam me convidar para conhecer seu mundo, o que, por alguns instantes, me fez achar, realisticamente, que estava em outro local, ou melhor, num outro mundo mesmo... Em um show de clichês: o som sumiu; as vozes calaram-se; a paisagem mudou; já não sabia onde estava e nem o porquê... A bebida derramou-se, nos beijamos, demos as mãos e partimos...

Já estou com um bilhete só de ida para ver esse admirável novo mundo...

21.10.09

Não sai da minha cabeça...

"Tour Guide At The Winston Churchill Memorial" (Guided by Voices)
[do álbum "Half Smiles of th Decomposed" (2004)]

Oh, she's so on top of things
Gone out but so looking thin
She's got a heart pressed to the ground
To extend her knowledge
And I'll spend my life with her now
She dreams of sleeping now
And how she can take me inside
And now it's warm and cold all around
Be on top of me now
Be on top of me now
She already is
As far from you crying now
The longest day dying now
So I guess some truth belongs to us
In places that tremble and wish
And a citizen of there am I
She comes to play along
Be on top of me now
Be on top of me now
She already is
As far from you crying now
The longest day dying now
Kinda slow without you
I wanna know about you now
It's all in me now
It's all in me now
It's all in me now
Citizen of there am I of
All me now
It's all in me now
It's all in me now
Citizen of there am I


Contratempo (ou aproveitando o tempo esperando a chuva diminuir vendo-o passar)

Salve o tempo. Não o metereológico, que nas últimas semanas nos tem provido dias de pouca praia e muito cinza. Melhor, vou ajeitar (ou azeitar?) a frase: salve o tempo! Agora sim... Que sensação divina é a do tempo! A percepção dele caminhando, ora lentamente, ora na velocidade de um Halley, tem se tornado cada vez mais bela e incrível com o passar dos anos e com o acúmulo de experiências. Quantas vezes queremos que ele ande depressa, mas ele se aloooooonga... E quantas vezes desejamos que dure para sempre e tudo se vai num piscar de olhos... É o dito "tempo das coisas", que passamos a administrar melhor assim que conseguimos dosar nossas injeções diárias de ansiedade e de ócio benigno.

"Cada coisa tem seu tempo": como ouvimos essa frase ao longo da vida, não é mesmo? Porém, jamais nos conformamos com o seu ritmo. Achamos sempre que gastamos demoradas horas na fila para curtir somente alguns parcos minutos de montanha russa. E não é verdade? Mas, se o passeio tiver sido emocionantemente prazeroso, ninguém titubeia em voltar à fila. E não é que é verdade de novo?! Cada um que tire a conclusão que quiser, mas é engraçado que, quando envolve o prazer, nada demora, tudo é muito veloz. Agora, se for algo que suga o seu humor, vem sempre um "tá demorando pacas"... O ser humano, numa ótica particular, é um bicho ansioso por natureza, porque projeta sua ideia do que está para acontecer e quanto tempo ela tem para se concretizar. Se está dentro da faixa de conforto, beleza... Mas, se levar mais tempo do que se imaginou, babou... Esperar é angustiante! Por isso que a sapiência do tempo está em saber esperar, fingir-se de morto para ele. Ou como disse perspicazmente meu compadre Moyseis Marques: o lance é dar o velho golpe do jacaré cansado! O bicho fica ali, quietinho, na sua, parecendo até um tronco de árvore a boiar, mas que, na primeira oportunidade, vai lá e dá o bote. Se esquivar da ansiedade, eis a receita para aceitar o tempo das coisas.

Estou num compasso de aquaplana, porém, inquietante espera. Mas, felizmente, aprendendo com ela a entender que determinadas coisas só acontecerão no seu devido tempo, quando estiverem de realmente ser. Não adianta querer atropelar justamente aquele que vai ditar as regras desse jogo: o tempo. Tentar, sim, perceber cada segundo/minuto/hora de cada dia/mês/ano da vida com mais clareza e menos angústia. Por que temos que decidir tudo rapidamente? Pra quê esse frenesi, entrar nessa correria "muderna"? Tudo é em tempo real... Será mesmo "real"? O grande barato está em observar mais as coisas, captar suas nuances. Infelizmente, na prática e de forma até contraditória a esse feeling, meu trabalho envolve justamente o famigerado tempo real, com o sobe e desce de bolsa de valores, monitoramento de agências de notícias, ambos atualizados minuto a minuto... Entretanto, ao invés de me deixar perturbar, farei com que sirva de parâmetro para saber curtir o tempo vagoroso, como o do pescador com a linha na água no aguardo do peixe, na placidez da lagoa. Perceber que o tempo não é dele, é do peixe.


Musicografia:

"Resposta ao tempo" (Nana Caymmi)
"Time" (Pink Floyd)
"Sobre o tempo" (Pato Fu)
"Tempo de abertura (Samba Tempo)
"Tempo de abertura (Samba Tempo)" (Taiguara)
"Rock around the clock" (Bill Haley and the Comets)
"Tempo Rei" (Gilberto Gil)
"Time after time" (Cindi Lauper)
"Tempo, tempo, tempo" (Caetano Veloso)
E, pra fechar: "Remember the time" (Michael Jackson) rs...

Tela Chapa Quente*

(texto originalmente escrito em 8 de outubro de 2009)


Perdi o ao vivo, mas não perdi a piada: ontem assisti a um vídeo das Panicats dando um show de boa forma numa praia de nudismo, que foi originalmente exibido ao vivo no Pânico na TV no domingo passado. O quadro - com a devida licença poética incluída, por favor! - fez com que a audiência do programa chegasse ao primeiro lugar do horário, desbancando os highlanders Gugu, Sílvio Santos e Fantástico. Caso não tenha visto, explico a "pintura": duas modelos voluptuosas (para não usar termos de baixo calão), completamente nuas, se exibiam para as câmeras à beira mar em poses de corar anjinho de igreja, cobertas apenas por um blur muito "do" safado e mini tarjas pretas em suas partes, digamos, mais íntimas (em tempo: caro (a) colega, se não viu , vá assistir... Jogue no Google "Panicats na praia de Tambaba" que aparece... E, à la Galvão: "haja coração!").


O fato é o seguinte: eram por volta das 20/21 horas de um domingo... Horário nobre da família brasileira. Sem conservadorismo e nem falso pudor, pela qualidade, digo, pelo conteúdo das imagens, fiquei imaginando o pânico (rá!) dos pais que estavam assistindo-as com seus filhos. Não pela condição moral, mas sim, por aquela falsa aura de recato que acomete a figura maternal/paternal nesses imbróglios. As expressões de horror e repúdio, seguidas de gemidos de "oh!" ou “meu Deus!” e o velho tapa olho na molecada, são instintivas. Por mais que nunca houvesse nenhum problema em ler Playboy ou gibis de sacanagem na minha família por parte da garotada (e dos marmanjos também!), rolava sempre um constrangimento geral na sala quando rolavam cenas picantes na TV lá de casa. Não se escutava "oh!" e nem tinha tapa olho, mas na primeira demonstração de libidinagem vinha uma trava: "olha o respeito, moleque!". Ou seja, tudo era permitido na intimidade, mas, no "vamos ver", não funcionava bem assim...


Por falar nisso, em privacidade, coisa e tal, entremeando as imagens das meninas havia a inserção de um cara descascando uma banana, a fruta mesmo, fazendo analogia ao ato solitário masculino de prazer. Confesso que achei a piada boa. Pensei na quantidade de jovens e velhos onanistas trancafiados em seus aposentos, rendendo homenagem àquelas modelos calipígias. Lembrei-me dos meus tempos de "Dama do Lotação", com Sônia Braga; dos filmes da Adele Fátima e, claro, do clássico "Olho Mágico do Amor", com aquela cena final da Carla Camurati com a Tânia Alves num velcro sensacional. Colocava o skate em pé na porta para ser avisado caso a barra sujasse... Aliás, um camarada, que navegava por um chat de torcedores do Fluminense - que programão prum domingo, né?! Logo depois da chinelada que levaram do meu Mengão! É... O Imperador voltou! -, me disse que, no iniciar das imagens na TV, logo postaram na página os dizeres: "ligue Pânico na TV agora!", em múltiplas mensagens. Era a união virtual dos onanistas tricolores em prol de um domingo maior! Além da gozação, literalmente, fica a reflexão para outro texto: imagine o quanto de audiência a Rede TV deve ter ganhado no troca-troca de MSN, Twitter, Facebook, SMS e afins, de telespectadores que estavam na internet naquele momento e migraram para a televisão? É a força da grande rede mostrando os dentes... A TV que se cuide...


A questão do horário, além da moral, também evidencia outro aspecto: a briga pela audiência está sinistra, para não dizer outra coisa. Essa luta por pontos na escala Richter do Ibope tem provocado um efeito de baixo nível geral. Não pelas meninas - que eram de altíssimo nível, por sinal - mas, para o show de pouca roupa, pouco conteúdo, pouca coisa aproveitável. E dá-lhe barracos de famosos, muito palavrão, muito non sense, muito quadro bobinho com animais, "muito pouca coisa". Outro dia, cheguei do trabalho e liguei no SBT. O programa era "Pegadinhas Picantes". Peitos, bundas, gente seminua a rodo, tudo o que você quer depois de um dia de ralação daqueles. O legal (é, peguei pesado...) é que eram umas 8 horas da noite! "Dá-lhe Silvão! 'Tamo junto, fera!", pensei... Mas, depois, veio a imagem de minha vovó lá em Saquarema esperando a novela "Vende-se um véu de noiva"... (Nota: ela não gosta das novelas da Globo... Acha tudo muito "Zona Sul"... O lance dela é "Mutantes - Caminhos do coração" e que tais...). Pô, minha vovózinha que tanto amo e prezo não merece essa, né?! Sem contar TV Famas, Lucianas Gimenêzis, Adrianas Galisteusis, Daniellas Cicarellis, Big Brothers, As Fazendas... Haja TV a cabo! Haja Hollywood! Por isso, que hoje "as elite" só falam de "Sex and the City" pra baixo... Pra baixo? Porque acham esse programa de TV o máximo... Captou? É... Essa não foi boa mesmo...


Mas, pra fechar, antes que pensem diferente: mulher pelada é coisa linda de se ver, mas sem apelação! O Brasil sempre pendeu para a sacanagem desde os tempos em que Cabral e sua trupe descobriram não só a existência do nosso território, mas também o quão bom era fornicar com nossas índias e, posteriormente, com as deusas de ébano vindas da África. O carnaval está aí todo ano espalhando o nosso íntimo sacana pelo worldwide. O batidão do funk – do qual sou fã – também contribui com suas letras pornográficas e danças idem, e suas mulheres melancia, melão, jaca, jenipapo, graviola... Sem contar a bunda music, febre que já passou graças ao Pai, com É o Tchan! e seus genéricos... Aliás, tem uma história curiosíssima do Tchan: a única invasão de palco, por parte da platéia, no polido festival de jazz de Montreux, na Suíça, país seríssimo (rá!), foi de um gringo local enlouquecido com o derrière de Carla Perez. Nossas mulheres são as melhores do mundo, na modesta opinião deste escriba. Mas, mulher pelada em horário nobre é demais. Essa mesquinharia por audiência tem que ter um limite. Será que o povo só quer sacanagem? Será que não temos roteiristas e staff televisivo para realização de programas de melhor nível? Que tenham as mulheres deliciosas que tanto amamos, mas sem vulgaridade, sem absurdos. Por falar em absurdo, veja essa: acabo de ver aqui no Globo On line que o supra sumo da literatura folhetim Manoel Carlos foi notificado pelo Ministério Público por causa do uso de uma vilã mirim na novela das oito, que não será liberado, para que não influencie outras crianças! Ah... Mulher pelada, de quatro, na beira da praia, pode... Devem achar que isso que é boa influência...


Nota (1) - da coluna "Entre Linhas", do jornal O Estado de São Paulo de hoje: "O festival de peladas do último Pânico chamou a atenção do Ministério da Justiça. No mau sentido. Apesar de o conteúdo não fugir da classificação indicativa do horário, outras apelações do gênero não passarão sem advertências do órgão".


Nota (2) - da coluna "Outro Canal", da Folha de São Paulo de hoje: "Depois de mostrar na TV duas panicats em uma praia de nudismo, Alan Rapp, diretor do "Pânico na TV", lançou no Twitter a possibilidade de que a matéria seja exibida sem as tarjas na internet, garantindo a nudez total. Segundo Rapp, isso só depende da autorização das garotas. O programa já exibiu sem censura na rede um quadro cheio de palavrões".


Nota (3) - achou contraditório reclamar da sacanagem alheia sem prestar a atenção em quanta sacanagem foi escrita aqui? É porque a sacanagem está nos olhos e no sentimento de que a vê... Pense nisso!


* Texto escrito para uma coluna fictícia numa revista idem, que será projeto de monografia de um amigo

Tira-gosto #1

A palavra é... Desejo!

"Só o desejo inquieto, que não passa, faz o encanto da coisa desejada... E terminamos desdenhando a caça pela doida aventura da caçada" (Mario Quintana)

"Desejo é impulso, acompanhado da imagem da sua satisfação; surge quando há demora na satisfação desse impulso" (Donald Pierson)

"Há duas catástrofes na existência: a primeira é quando nossos desejos não são satisfeitos; a segunda é quando o são" (George Bernard Shaw)

"O desejo, acompanhado da idéia de satisfazê-lo, chama-se se esperança; despojado de tal idéia, desespero." (Thomas Hobbes)

"O desejo não precisa ser destruído, precisa ser purificado. O desejo não tem que ser abandonado, tem que ser transformado. O seu próprio ser é desejo; ser contra isto é ser contra você mesmo e contra tudo" (Osho)

"O desejo é a metade da vida; indiferença é a metade da morte” (Autor desconhecido)

"Contento-me com pouco, mas desejo muito" (Miguel de Cervantes)

"Amor é o desejo irresistível de ser irresistívelmente desejado" (Robert Foster)

"Cuidado com o que desejas" (Mamãe)

IceMan #2

(originalmente postado em minhas notas do FB em 24 de agosto de 2009)

Às vezes, pecamos pela omissão. Em outras ocasiões, pecamos pelo silêncio. O último fim de semana revelou que todas as vezes que nos portamos indiferentes a assuntos que podem fazer nossa vida virar de cabeça para baixo, o desfecho de uma história tem contornos surpreendentes. Primeiro, por tal indiferença ser nada mais do que uma máscara, ou melhor, um fino véu que neblina nossa visão da percepção do óbvio. Uma cegueira chapa branca, na qual se enxerga, mas não se percebe o visto. Em segundo plano, essa pretensa indiferença também nos priva de qualquer expectativa: o que vier é lucro, podem pensar uns; ou pode levá-lo à bancarrota.

Essa falsa insensibilidade cria um hiato entre a ação e a reação que temos diante de um fato novo. Vemos, mas esfregamos os olhos para verificar se é real. Cremos, mas não pagamos para ver. Será que somente aquela mirada de rabo de olho é suficiente para captar toda a atmosfera de um ambiente, de um cenário? Ou será capaz somente aquele olhar contemplativo, de quem fita o horizonte cuidadosamente? Ou, quem sabe, a firmeza dos olhos-nos-olhos-quero-ver-o-que-você-faz? As oportunidades passam e são vistas, porém não são aproveitadas. Mero descaso? Ou medo do que elas podem trazer à tona? O temor do passo a frente, eis a questão.

Permaneci durante muito tempo indiferente às coisas que me cercam. Quando a vida anda bem, nos desligamos de certos aspectos da mesma. O mundo se acabando e você achando que é tudo normal, que é da ordem natural das coisas. Sabe aquele "foda-se" consentido no peito? Como quem dá de ombros? Pois é... Entrei nessa onda e, quando percebi, veio o caixote. Demorei muito a pular de cabeça em determinadas situações. Me rendi à apatia, à negligência. Preferi o véu da indiferença. Preferi camuflar sentimentos, desejos e anseios.

Aprendi mais essa lição, que parece simples, mas não é. É sempre complicado enxergar nossos próprios pontos falhos, onde sabemos que estamos vacilando e não movemos uma palha a respeito. Decidi mover. Não só uma palha, mas o espantalho todo. É hora de fazer valer a pena. É minuto de deixar de se tolher. É segundo para dar não só a mão, mas o corpo inteiro. É momento mutante. À ruína o rei sentado no topo de seu mundinho próprio!

3.8.09

Real Doll


Assombra-me teu silêncio
Por que te calas?
Mostre-me o que quer...
Diga-me o que pensa...
Você bem sabe,
Escravo é uma palavra
Usada para descrever
Como me sinto
Em relação a você...
Então, aproveite...
Me ame,
Me odeie,
Me xingue...
Só não seja indiferente
Este é o pior dos mundos...
Quero ouvir tua voz
Reverberando pelas paredes
Deste quarto úmido...
Quero ver tua saliva...
Quero ver tua veia
Saltando à testa
Verde de raiva...
Quero ver-te vívida, apenas...
Parece que auto congelaste...
Já não sorri pra mim...
Já nem responde aos meus estímulos...
Resta apenas um olhar
Fixo para o nada...
Boca imóvel...
Braços a 90 graus...
Quer saber?
Cansei...
Puxarei teu birro...
Expulsarei todo ar...
Esvaziarei-te!

20.7.09

Cirrose Crônica#1

Outro dia, tentei me lembrar da senha de uma conta de e-mail que tinha feito no GMail, quando ainda era assessor de imprensa da Casa Rosa. Confesso que tenho umas três, quatro senhas que vou distribuindo de acordo com o nível de segurança que a aplicação necessita. Confesso também que sou meio tarado com essa coisa de "conta de e-mail": meu primeiro foi do Hotmail, feito na casa do bróder João Fernando, do Casuarina, na primeira vez em que vi internet na vida. Desde então, lá se vão MSN, Yahoo, IG, IBest, Globo.com, BOL, além do já citado Gmail e de outras três contas "corporativas".

Pra quê tanta conta de e-mail? Na verdade, tudo começou como uma brincadeira de cercar o domínio "brunotuareg" em todos os e-mails free de que tinha conhecimento na grande rede. Era uma questão de soberania virtual. É... Sim, eu sei... É maluquice, mesmo... Mas, louco mesmo foi quando percebi que praticamente todas as contas possuíam a mesma senha. Pensei: "êpa, um Trojanzinho aqui é o suficiente para dar uma merda federal"...

Assim, fui trocando as senhas, estabelecendo padrões criteriosos para o nível de segurança informacional - frase mais corporativa, impossível - de cada uma delas: para e-mail de cadastro em sites informativos ou aqueles que geram muito spam, usava "ahnesa", "a senha" no espelho; e-mails voltados para piadas, correntes e pornografias em geral (sim, era mais de uma conta...) recebiam palavras simples, tipo "telefone"; e-mail para jogos do amor, 171 para pescar umas gatinhas em salas de bate papo, tinha uma senha sem letras repetidas, tipo "portugal"; já os e-mails, digamos, mais sérios, aqueles que você usa para MSN, para receber mensagens de amigos, convites e afins, ganhou uma robusta senha alfa numérica, tipo "n8k6u7j9", que criei usando iniciais de nomes de ex amores, juntamente com a unidade do ano em que tive o prazer de estar ao lado delas... É um jogo divertido, experimente!

Essas senhas foram se multiplicando ainda mais quando passei a me cadastrar nas rede sociais, tipo Orkut e Facebook, e nas ferramentas de blog, como Blogger e Word Press, entre outros aplicativos tipo 2.0. Criei uma conta no YouTube? Uma nova senha surgia também. E assim fui perdendo o controle das senhas que tinha dado para cada uma dessas aplicações: começou um tal de ser bloqueado ali e acolá, por conta de inúmeras tentativas de acesso com a senha errada... Fiquei três dias sem acessar o Orkut na sua fase áurea, tempo bom no qual ficava na expectativa "daquele" scrap, o que era desesperador em alguns casos... Hoje, aquilo lá, além de estar num marasmo, só serve para ver as fotos das nights tiradas pelos amiguinhos, ou para mandar aquele testimonial secreto e impublicável, ou ainda, o melhor, que é fuçar a intimidade alheia... Sim, sou réu confesso, e você?

Volto à minha senha do e-mail da Casa Rosa: não conseguia lembrar de jeito nenhum. E não era o simples fato de utilizar o lembrete de senhas do GMail ou solicitar a alteração da dita cuja. Era, na verdade, uma briga minha comigo mesmo no afã - adoro essa palavra... Me lembra samba enredo... - de realmente lembrar o que havia colocado lá. Tentei de tudo: as tais senhas criteriosas; de trás pra frente; do tipo "old school", já não mais utilizadas; mas, no fim, água! Necas de pitibiribas! Tive de me render ao lembrete...

Não é que, para minha surpresa, quiçá espanto, a senha era bem simples. Fugia de toda a mecânica-físico-quântica-tão-cheia-de-regras-e-critérios de todas as suas coirmãs. Singelamente, retratava em poucas letras, a fase vivida naqueles tempos lotados de gás e de ultra vontades. Imaginação à flora, ideias pseudo revolucionárias, desejos infinitos e libidos super sônicas eram ingredientes básicos para um café da manhã rico em vitaminas, sais minerais e belprazer, em que achava que ainda dava para mudar o mundo, antes do tempo presente que me ensinou que o mundo não muda, mas sim, os seres que o habitam...

A senha? "Sonhos"...

16.7.09

O Rei é o cara!

Em homenagem ao Rei, em cujo show no Maracanã estive presente graças ao meu amigo-de-fé-irmão-camarada Moyseis Marques (leiam o blog dele "Jacaré Cansado" no link na aba esquerda deste blog), posto este belo registro... Veja quem ele vai chamar para dividir os vocais...

10.7.09

O maior do mundo!

Meu mestre... Sem comentários...

2.7.09

Tuareg Radio#1

Brincando no Music Covery, viajei: está no ar o primeiro release da Tuareg Radio, com as músicas mais tocadas em meu IPobre durante a semana.

E, como você sabe, aqui não tem essa de ritmos, línguas e que tais: tem tudo um pouco, rock, jazz, standards, soul, enfim, música boa.

Os destaques são o the greatest Ray Charles, a diva Bettye LaVette, cujo disco foi comentado aqui uns 3 ou 4 posts abaixo, e um clássico da minha adolescência, “Fade into you”, na doce voz de Hope Sandoval e sua Mazzy Star.

Boa orelhada!

Nota: quando publiquei esse post, o player estava encartado dentro deste, o que impedia de fazer atualizações na playlist... Após elogios de alguns amigos, como o do bróder Luizada (do blog coirmão Porradobol), resolvi aumentar a list e encartar o player como gadget...

Ferido pelo comment do irmão, adicionei mais alh=gumas pérolas do indie rock, como o hino shoegaze "Winona", do Drop Nineteens. No mais: Afghan Whigs, Liz Phair, Guided by Voices, Azymuth, Chet Baker, entre outros...

Vale a orelhada!

Para os órfãos da Pandora

Durante muito tempo, a web radio Pandora ditou a trilha sonora de muita gente boa por aí (Alô Gringão!). No entanto, por conta de brigas por direitos autorais, hoje ela funciona somente no território ianque, deixando milhões de maiores abandonados por todos os cantos do globo...

Mas, seus problemas acabaram: meu camarada Marcos Almeida me apresentou um negócio bom chamado “Music Covery”. É uma web radio também, mas com um detalhe: ela seleciona as músicas a partir do humor do ouvinte. Você escolhe os estilos musicais, a década e seu estado de espírito... Assim como no Pandora, você pode aprovar ou recusar a música sugerida, refinando a playlist para as próximas audições, além da novidade de selecionar suas favoritas, montando a list das prediletas da casa.

Não chega nem perto do Pandora, na opinião deste escriba, mas é divertido... Vá em:

http://www.musicovery.com/



1.7.09

A vida como ela é... Digo, como ela anda...

"Think (Let Tomorrow Bee)", com Sebadoh (do disco "Bubble and Scrape")



Could I hold on, or should I hold on to you?
Ask, I'll tell the truth; there's nothing I should hide
And if I move to slow, if you're bored I need to know
I'm weak to hide inside, to force what I don't feel
If all we have is a question, there's no hope to find a future
But something in me cries for you
It feels too real this time
I think I love you, though I don't know what love means
Girl of my dreams, or a friend that one day leaves
Could I trust this when I've lied to myself before?
Will I do it all again to taste what I've imagined we could be?
Look what I've become; this pressure that we feel
In a world of possibilities, this may not prove real
But could we give enough, backed against a wall?
Too close to breathe, but too far to fall
All I ever wanted was to feel you closer to me
And it's sad to feel this resistance
What once before had felt so free
Let tomorrow bee
I can't be so impatient
Pushing every answer, when there isn't any question
Let me feel good now
And though this may have to end, I hope I'm always with you
Honestly your friend
I think I love you

24.6.09

Ainda no "Diva talking"...

...Pirei na Minnie Riperton, desta vez com "Back Down on Memory Lane"


22.6.09

E por falar em divas...

...Mais duas: Chaka Khan, com "Everlasting Love", e Minnie Riperton, com "Inside My Love"




18.6.09

A diva do momento: Bettye LaVette

Bettye LaVette é uma cantora e compositora americana, criada em Detroit, cujo som é uma mistura deliciosa de soul, blues, rock, funk, gospel e country. Ela tinha apenas 16 anos, em 1962, quando gravou o single “My man - He’s a loving man”, que chegou ao top 10 da parada de R&B. O sucesso imediato a levou a dividir turnês com astros do soul, como James Brown e Otis Redding. Em 1965, voltou ao hit parade com “Let me down easy”, que se tornou seu tema musical. A partir daí, o resto é lenda... Leia mais aqui!

Descobri esse disco dela, "The scene of the crime" (Anti Records - 2007), meio de bobeira, vagando sem rumo pela web. E o resultado: estou ouvindo até furar o disco, quer dizer, até dar pau no meu IPobre. As prediletas da casa são o soul-blues "Jealousy" (pra mim, a melhor), o country-soul "Somebody to pick up my pieces" (do mestre Willie Nelson, num excelente 3/4), o blues "They call it love", e a confessional "Before the money came (the battle of Bettye LaVette)".

E o mel: você pode baixá-lo aqui em duas partes! Parte 1 Parte 2

Ah, se gostar de Mrs. LaVette e quiser ouvir outro excelente disco dela, procurem "I've Got My Own Hell to Raise" (2005) em E-mules e Soulseeks da vida.

17.6.09

Procura-se Susan desesperadamente

E o marujo segue no topo do mastro, a vasculhar com sua luneta, onde ela está...
E o faroleiro ilumina o mar, ofuscando a ardentia, mas onde ela está?...
E o detetive, sagaz com sua lupa, busca pistas de onde ela está...
E o jornalista, que apura com suas fontes, ainda não sabe onde ela está...
E o cão farejador, funga, funga, mas sequer balança o rabo...
Porra, cadê essa mulher?

Um antológico encontro de titãs

Retirado do sensacional DVD "Energia", do Jorge BenJor... Totalmente excelente!

15.6.09

Mé!


Com licença, engenheiros: em comemoração ao centésimo post, apresento, para o vosso deleite, pérolas do saudoso Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum. Integrante da formação oficial dos Originais do Samba, um dos expoentes do sambalanço/sambarock, Mumu da Mangueiris sempre foi meu trapalhão predileto... Então, vai Mumu, "samba-lhes a mamonis"!

"Mussum e o segrado de sua vitalidade"


"Mussum e o companheris Peru"


"Mussum armando uma pindureta" (para mim, o melhor quadro de todos os tempos!




9.6.09

Sambarilove!

Andei vagando pela grande rede atrás de músicas para renovar o repertório de sambarock/sambalanço/suingue pros shows e encontrei umas pérolas, das quais eu nem mais lembrava...

Se você curte um suinguinho, uma manemolência, um lesco-lesco, dá um saque nesses aqui ó:

1) Branca di Neve - "Saudade da minha preta"



Leia sobre Branca di Neve aqui

2) Bebeto - "Marcou bobeira"



3) Miltinho - "Cara de palhaço"



Esmiuce o Miltinho aqui

4) Luiz Vagner - "Guria"


5) Wilson Simonal - "Embrulheira"


3.6.09

Não vem que não tem: quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga!

Seguindo a onda do momento, reproduzo vídeo do autor da frase acima: o rei da pilantragem Wilson Simonal e a diva Sarah Vaughan em um dueto sensacional! Apesar do post, ainda não vi o filme... A chapa rotineira anda quentíssima...

OBS.: o termo "pilantragem" nada tem a ver com o episódio vivido pelo cantor durante a ditadura. É, pura e simplemente, uma referência ao termo cunhado por Carlos Imperial (autor do hit "A mesma praça, o mesmo banco...) para nomear o estilo que ele e Simonal criaram, que é "O Som da Pilantragem".


28.5.09

Dream Mode: Off

É incrível como duas músicas, feitas em épocas totalmente diferentes, podem causar as mesmas reações em quem as escuta
(bom, pelo menos em mim!)...

A primeira foi gravada por um grupo que poucos conhecem (rs), chamado Led Zeppelin e está no disco “Led Zeppelin III”, lançado em 1970.

A segunda é do esquisitíssimo para uns, sensacional para outros, Mars Volta. Com suas músicas longas para os padrões roqueiros, com temas de 15/20 minutos de duração, eles mostram toda sua verborragia nesta canção, presente no disco “Frances the Mute”, de 2005.

Com vocês: “Since I’ve Been Loving You” e “The Widow”, respectivamente.

Santé!


"Since I’ve Been Loving You" (de Robert Plant/Jimmy Page)
Working seven to eleven every night,
It really makes my life a drag,
I don’t think that’s right.
I’ve really, really been the best of fools,
I did what I could,
‘Cause I love you, baby,
How I love you, darling,
How I love you, baby,
How I love you, girl, little girl.
But baby, since I’ve been loving you, yeah,
I’m about to lose my worried mind, oh, yeah.

Everybody trying to tell me
That you didn’t mean me no good.
I’ve been trying, lord, let me tell you,
Let me tell you I really did the best I could.
I’ve been working seven to eleven every night,
It kinda makes my life a drag.
Lord, you know it ain’t right.
Since I’ve been loving you,
I’m about to lose my worried mind.

Said I’ve been crying,
My tears they fell like rain,
Don’t you hear,
Don’t you hear them falling,
Don’t you hear,
Don’t you hear them falling.

Do you remember, mama, when I knocked upon your door?
I said you had the nerve to tell me
You didn’t want me no more,
I open my front door hearing my back door slam,
You must have one of them new fangled,
New fangled back door man,

I’ve been working from seven, seven, seven,
To eleven every night,
It kinda makes my life a drag, a drag, drag,
Ah, yeah, it makes a drag.
Baby, since I’ve been loving you,
I’m about to lose,I’m about to lose, lose my worried mind





"The Widow" (de Cedric Bixler-Zavala)

He's got fasting black lungs
Made of clove splintered shardes
They're the kind that will talk
Through a weezing of coughs

And I hear him every night
In every pore
And every time he just makes me warm

Freeze without an answer
Free from all the shame
Must I hide?
Cause I'll never
Never sleep alone

Look at how they flock to him
From an isle of open sores
He knows that the taste is such
Such to die for

And I hear him every night
On every street
The scales that do slither
Deliver me from…

Freeze without an answer
Free from all the shame
Then I'll hide
Cause I'll never
Never sleep alone

Oh lord
Said I'm bloodshot for sure
Pale runs the ghost
Swollen on the shore

Everynight
in every pore
The scales that do slither
Deliver me from…

Freeze without an answer
Free from all the shame
Then I'll hide
Cause I'll never
Never sleep alone



26.5.09

"Oasis that leads a man to drink"...

Já falei desses caras aqui... American Music Club... Salute!


"Gratitude Walks"
(De: Mark Eitzel / Por: American Music Club)

Why don't you be good for something
And draw down the shade
On a sign that sat up all night shivering
On a sign that sat up all night afraid

Well now chains on the oasis that
Leads a man to drink
Drunk on the kind of applause
That gets louder the lower you sink

Gratitude walks on Sixth Street

Pull it from the air
And they throw it in the blue
And you're spinning under their wheels
Trapped in your room

You're jumpy, you don't want to see
You don't want to see them have their fun
Slap her face if she should laugh
Push him down if he should try and run

Gratitude walks on Sixth Street

Take a number for your big woman
They sold the rules of dream land
in cotton, wool, and cement

Well it's never what you want
It's just the kind of thing that always happens here
Yeah you watch the good old days pass you by
Leaving your cupboards bare

Gratitude walks on Sixth Street

Dream Mode: On


Me vejo entre os escombros
Da hora de sua partida
Pois sei que o reencontro
Será sem direito à despedida
E quanto mais confronto
Vejo que a luta está perdida
Porque sempre me assombro
Com a força tua sobre mim exercida...

25.5.09

Stay...


A primeira vez em que ouvi esta canção, estava tão bêbado, mas tão bêbado, que a cantei durante os 50 minutos que levei de Copacabana ao Leblon a pé, enebriado pelos vapores de um súbito desejo...

Foi inevitável o que aconteceu, assim como deliciosamente salivante, mas o momento era extremamente errado e confuso... Ambos eram caninos encoleirados, conduzidos militarmente por seus donos e suas guias curtas...

Mas ela possuía a melhor qualidades entre todas que uma mulher pode ter: era de um charme arrebatador!

Por isso, na mesma noite, ganhou o singelo apelido de "My Funny Valentine"... Isso porque fiquei vidrado na interpretação de Mr. Chet Baker para esta canção (saiba mais sobre ele aqui).

E, diante de um breve retorno de um certo queixo caído por um charme, desta vez, avassalador, lembrei-me da história e da canção...

"My Funny Valentine" (Rodgers/Hart)

My funny valentine,
Sweet comic valentine,
You make me smile with my heart.
Your looks are laughable, un-photographable,
Yet, you're my favorite work of art.

Is your figure less than greek?
Is your mouth a little weak?
When you open it to speak, are you smart?
But, don't change a hair for me.
Not if you care for me.
Stay little valentine, stay!
Each day is valentine's day

Bote duas Brahmas pra gelar, que eu tô voltando!

Aos meus fiéis 7 leitores: estou de volta a esta bodega para destilar momentos de "heavy mood" para o deleite dos senhores e das senhoras.

Poemas, delírios, reflexões, piadinhas sem graça, músicas esquisitas, entre outras bobagens, novamente em posts diários!

Bebam e depois arrotem na minha cara o que acharam!


Smack! [ou xirulupt! (esse é de língua!)]