18.12.07

Notícias de uma guerra particular (ou "déficit de atenção")

Sexta.
Duas festas.
Uma trabalhando.
OK.
Outra de trabalho.
Essa foi quente.
Aliás, tava quente mesmo.
Calorêra.
Eu, de paletó.
Ela, de longo.
Ainda por cima, preto.
Com uma cigarrilha.
Na piteira.
Linda, ela.
Eu tava de mafioso.
Explico:
Era uma festa temática.
E o papo era cinema.
Tava armado.
Com binóculo.
Walkie talkie (é assim?).
E uma granada.
Papo vai.
Papo vem.
Uma breja ali.
Vapores ali.
Que sorriso.
Que simpatia.
Ou melhor, que segurança.
Nada como saber o que quer.
Ela sabia.
Brincou comigo.
Me levou à lona.
Instantaneamente.
Realmente.
Era estonteante.
E eu, um bufo.
Riu de todas as piadas.
Ainda bem.
Pude ver seu sorriso.
Inúmeras vezes.
Já pelas tabelas.
Doei o walkie talkie.
Para uma amiga.
Para “mantermos contato”.
Doei o binóculo.
Para minha chefe.
Para “ela não me perder de vista”.
Sobrou a granada.
Ela me olhava.
E ria.
Não sei se de mim.
Ou de toda aquela situação.
No meio de colegas.
Tanto em jogo.
Olhei para ela.
E ri.
Riu pra mim também.
Segui em frente.
Confiante.
Dois cochichos.
Dois risinhos.
E uma certeza.
“Nos vemos por aí”.
De repente, a granada.
Entrego a ela.
“Que isso?”.
“Um presente”.
“Por quê?”.
“Explode coração...”.
Um último sorriso.
E a certeza.
“De que nos veremos em breve por aí”.

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